quinta-feira, 10 de março de 2011

Contando as Rodas para Voar.

Nasce a mais bela dádiva da história de uma família, o casal se encontra, inicia diversos encontros casuais ou causais, percebem suas afinidades, respeitam as diferenças e passam a ficar mais tempos juntos. Ela conhece a família dele e ele, ao conhecer a dela relata o interesse no namoro. Namoram. Ficam Noivos e se casam, respeitando o tempo de cada um, para ambos conseguirem caminhar, sempre juntos.
A mulher engravida planejadamente e ambos se mantêm da renda que conquistaram, ela arquiteta e ele médico. O filho, um “homenzinho” que se torna futuramente um médico (como assim relata a história em que será o melhor co-piloto da história).
Pois bem esta é uma história até que muito comum, relativamente normal, simples e como se relata diversos pensamentos de quem um dia quer formar uma família, pois bem, devo voltar a falar do recém formado médico, é aqui, exercendo a tua profissão em que ele entra e onde se inicia esta história.
Um garoto, filho único de cinco para seis anos de idade, totalmente ativo, alegre, era a vida e a alegria de uma família de classe média, ele freqüentava as aulas, onde se destacava pela esperteza, criatividade e integração com os demais alunos. Sempre foi um garoto muito ativo. Freqüentava aulas de natação, praticava futebol, escalava árvores, brincava em terra. Nunca sofrera nenhum mal no corpo que fosse passível de muita preocupação.
Ele mesmo se dizia felizardo, todos os dias das mães e todos os dias dos pais ele dizia algo que agradava aos professores, pois a mãe dele era única e idolatrada (“A melhor mãe do mundo, ela me da um beijo para eu ficar com ela a cada vez que me dá um ‘Tchau’, e sorri a cada vez que eu volto e chego em minha casa”) e o pai lhe era o maior ídolo, o melhor de todos os super-heróis – relato de um dia dos pais que o garoto comparou o pai dele como super-herói, e questionado qual o poder do pai dele, o garoto responde: “Ele está do meu lado quando eu preciso, ele faz a minha mãe sorrir quando ela quer chorar, ele me protege com os braços e me aperta até eu ouvir o coração dele. Ele constrói lares, e cuida da nossa casa. O maior poder dele é estar vivo em minha família”.
Bem antes do inicio do inverno, este tal garoto começou a apresentar características diferentes do seu cotidiano, ficava cansado mais facilmente, o sono e dores de cabeça diminuíam sua capacidade de aprendizado, assim, sua mãe notando ligeira coriza logo pegou um xarope e alguns comprimidos para conter todos os sinais da gripe. O garoto retornara ao ritmo que mantinha antes.
Por pouco tempo.
As dores de cabeça passaram a caminhar junto com ele, sumiam e decidiam voltar de semana a semana, quando o pai falou que o levaria ao médico. Aconselhado a seguir a um oftalmologista o pai descobre que o filho não apresenta nenhuma disfunção ocular, e nenhuma perda de visão, portanto foi descartada a hipótese das dores de cabeça ser provenientes de algum problema da visão.
As dores de cabeça sumiam tão rápidas quanto vinham. E repentinamente voltavam, como se chegassem a galope e causavam um ataque, como se demolissem a cabeça do garoto à marretadas, sempre com uma característica diferente. Algumas vezes acompanhada da terrível dor de cabeça, o garoto se sentia fraco, ou a visão lhe faltava, fazendo o mundo inteiro ao teu redor se tornar negro, como no final de um pesadelo.
O garoto perdia o chão, o tato, a visão. Acordava acolhido, instantes ou minutos depois no colo de um de seus pais, com um sorriso aflito. Mas não se lembrava de nada que havia acontecido.
Os pais do garoto, o levaram ao hospital em uma destas crises, entretanto nada foi diagnosticado, simplesmente uma gripe inespecífica muito forte e assim tratado os seus sintomas.
Naquela noite em que foi ao hospital o garoto estava em uma cadeira de rodas enquanto o pai dele preenchia um formulário padrão do hospital. Um jovem médico avistou o garoto, pegou-o pela cadeira de rodas e seguiu empurrando-o a toda velocidade e assim deu uma maravilhosa volta com ele, que no inicio assustou, mas depois voltou a ter uma alegria radiante em tua face, que se levantou da cadeira de rodas e foi contar a novidade para o seu pai, este ato encantou todos os pacientes que ali estavam na espera. Após o passeio, o médico agachou diante do garoto e perguntou o que ele fazia ali, o garoto disse que tinha passado mal e acordou no hospital, mas que logo estaria bom para pilotar o seu avião. O garoto queria voar.
Dias depois o garoto volta ao hospital só que agora em uma maca. Com um dos braços quebrados e um corte na cabeça, ele havia caído de uma escada, quando ao subir sentiu novamente aqueles sintomas e começou aquele ataque.
Foi tratado, e durante a recuperação não voltou à escola, nem ao hospital, aparentemente estava bem, recuperado. Os pais estavam mais sossegados. E o garoto passava o dia pilotando seu avião em jogos ou em brinquedos. Mas sentia falta de tudo lá fora, diante do céu.
O jovem médico, um dia foi visitá-lo, querer saber como estava, e logo assinou e desenhou um broche de aviador no gesso do garoto, que se sentiu o próprio capitão do braço quebrado. Conversando com os pais ficou feliz de saber que o garoto não apresentava nenhum sintoma característico, mas que precisava realizar alguns exames mais detalhados.
O garoto retirou o gesso, agora mais confiante de si, voltou à escola e conseqüentemente voltou ao hospital, desta vez o jovem médico resolveu fazer os exames mais específicos em que os pais não o levaram para realizar. O garoto ficou no hospital aquela noite. Foi a noite de diversão dos dois, eles visitaram todas as sala possíveis daquele hospital, hora com o garoto caminhando de mãos dadas com o médico, hora com o médico ‘costurando’ os demais pacientes ali com a cadeira de rodas.
Foi naquela manhã seguinte, de ausência de sol e de luz, que os pais do garoto perceberam que o filhinho deles já estava dentro do que não se suspeitava. E todos tiveram a certeza súbita que ele não conseguiria mais sair. O garoto estava com uma doença desmielinizante do sistema nervoso central, que afeta a medula espinhal e os nervos ópticos, tal doença é muito grave.
Aos poucos o garoto só se locomovia de cadeira de rodas, perdia a mobilidade, entretanto não perdia o dom do sorriso. Os instantes que era permitido ver os pais, ele via, sentia e enxergava a tristeza na face deles. Mas sentia que o médico poderia ser seu melhor amigo, o seu co-piloto.
E assim foi.
Aos poucos o garoto mudou de casa, trocou sua cama, com teto cheio de estrelas por um leito de paredes brancas, com um faixa horizontal esverdeada. Mas estava ao lado de quem o fazia rir, sorrir e gargalhar.
O médico sempre fornecia notícias do garoto, dos tratamentos e sempre deixava os pais a par de tudo, o médico passava horas pesquisando, querendo saber mais recentes pesquisas, e assim os pais do garoto adotaram o médico e o médico adotou aquele garoto sonhador que sempre pedia para passear de cadeira de rodas pelo hospital.
O jovem garoto aprendeu a disfarçar que gostava da comida do hospital, aprendeu que as picadinhas que recebia em seu braço era para que pudessem saber como está tudo dentro dele. Na maioria das vezes ele era sensato e compreendia.
Os dias passando, alguns avanços e alguns regressos, os pais avisaram e convidaram o médico para fazer presença e autorizar que o garoto pudesse celebrar o próprio aniversário na casa dos pais, o médico conseguiu a autorização, confirmou a presença e ficou a noite em claro preparando o presente dele. Ao dia, os familiares, fizeram uma festa na casa dos pais do garoto, ao qual chegou um pouco mais tarde acompanhado do médico.
Para a surpresa de todos, o garoto se levantou da cadeira de rodas, apoiou-se na mesa e assoprou as velinhas, fechando os olhos e perceptivelmente fazendo um pedido. Neste instante o médico grita lá do carro:
- Ei! Falta ainda o meu presente.
Todos olharam o médico tirar aquele embrulho gigante, com papel de desenho de nuvens e levando com um pouco de esforço até perto do garoto, que se ajoelha ao chão e começa a tirar o embrulho, emocionando-se.
- Um avião, mamãe. Papai, eu vou poder voar, é um avião!
Todos se emocionaram pois o garoto se comovera e sorria muito com um presente em que nenhuma pessoa gostaria de ganhar – uma cadeira de rodas. O médico passou a noite acertando em isopor as asas e toda a lateral da cadeira, acertando o cinto. Realmente era a visão de um avião, mas de quatro rodas. Era triste porém lindo. E o garoto sorria e saiu mostrando pra todo mundo o que ganhara. Parecia desfile de dia de posse presidencial, só que ninguém dirigia o carro, aliás, o avião do garoto. Era apenas ele.
No hospital, quando o médio ou alguém o empurrava ele abria os braços como se sentisse o vento bater em tua face e a sensação de voar para ele era assim. Certa vez ele comoveu o médico dizendo:
- Co-piloto, Co-piloto eu não enxergo mais nada, para mim a visão ficou negra nesta noite – relatando um dos sintomas da doença – pilote o avião pra mim enquanto eu sinto como é voar de verdade. Mas desta vez tome cuidado com o bebedor de água, que quase perdemos a nossa asa ali ontem.
O garoto caia da cadeira muitas vezes, por tentar inclinar o corpo pra frente sem usar o cinto, muitas vezes foi preciso fazer novas asas para o avião, muito exames muitos tratamentos, muita água de lágrimas escorriam na face de todo mundo, pois o garoto não se deixava abater.
Era um vôo cego, mas um vôo.
Para o médico, não era ele quem empurrava o garoto na cadeira de rodas, e sim o garoto que o arrastava para tuas mais lindas viagens.
Todos os dias o garoto acordava para voar e dormia para sonhar com os vôos. Um dia ele falou que conversou com um senhor que o aconselhou a voar mais alto do que tudo. Ele contou isto ao jovem médico, que tinha acabado de chegar ao hospital, logo pensou que era delírio e que o garoto havia conversado com uma divindade. Mas logo ficou sabendo do ocorrido.
O jovem médico voltou, apertou a mão do garoto e deu os óculos de aviador para esta viagem. E com os olhos de despedida que falavam “boa viagem” apenas sorriu, olhando para os pais dele.
E o garoto sumiu ninguém mais o viu, apenas ouvia-se falar, eram boatos que diziam que ele foi para um país onde o tratamento era mais eficaz, ou que faleceu de uma de suas tentativas de vôo, mas ao certo ninguém sabe para onde ele foi, apenas como... Voando.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Eclipse – Quando o Sol reencontra a Lua

O Sol pode iluminar qualquer maravilha da face da Terra, dentre praias, montanhas, uma pessoa em especial e assim este escolhe iluminar apenas a Lua. A lua que antes brilhava em teus olhos, hoje se torna Lua, por completo.
Os olhos que se mantinham fechados para imaginá-la, mesmo que a escuridão ofuscasse a imagem por não existir estrelas nem luas na mente, muito menos sentimentos iluminadores no céu. Hoje tais olhos se abrem, e a dor da saudade que apertava explode em felicidade.
O Sol e a Lua se encontram, e ambos acreditam em anjos...
Floresce as melhores sensações, todo aquele encanto de esperança que rodeia os apaixonados, acontece, sem a menor expectativa de que pudesse ser naquele dia, naquele lugar. Acontece.
Os olhos poderiam transpassar o horizonte, as linhas imaginárias de qualquer homem perante aquela multidão, mas decide ficar ali, fixo à beleza dela, que ainda se encontra radiante, tanto que ofusca os olhos dos seres. O saudoso abraço que faltou em uma noite de despedida esquentou os corpos, o sorriso e o som da voz aqueceram novamente de amor o coração. Assim como o Beijo, fez com que o filme inteiro daquela história fosse repassado em fração de segundos, enquanto os olhos se mantinham fechados.
Uma sinestesia de sentimentos, pois havia encontrado o teu amor, por alguns instantes, diria horas naquele mais intenso e afetuoso eclipse, onde a luz que se apagava ao mundo era dos olhos que se fechavam enquanto eles se beijavam.
Repetiram quase todos os momentos, onde no mesmo lugar onde se os olhos se cruzaram um dia, como magia do destino, ali estavam novamente. O destino manipulou os caminhos como a Lua brinca com as idas e vindas das ondas, que sempre faz com que as ondas das marés beijam cada vez mais as areias, fez como se fosse um dos poetas, ofertando poemas, e assim como os amantes que sempre desejam mais uma noite.
Ela, por muitas vezes sorridente. Ele pegando a mão dela para que flutuassem juntos.
Descobrem que mesmo distante ainda pode haver amor, há aquela chama que ascende o coração, e o faz crer que todo o caminho percorrido ainda o fará lembrar-se da amada. E a fará se lembrar daquele momento.
Todos e tudo a volta passou a ser coadjuvantes ou telespectadores deste sonho que acabou de ser vivido, onde os sonhos estão abafados por uma única voz doce, por olhos mais lindos e o mundo pára de girar.
Ele espera que não seja um encontro de Eclipse, onde o Sol revê sua amada e fica sem ela por um bom tempo, mas sim como todas as noites de um mês, onde a Lua se torna Cheia de vida, de graça e de mais beleza, pois novamente os olhos do Sol podem vê-la e seus raios possam abraçá-la com todo o sentimento que não se pode relatar.

sábado, 18 de setembro de 2010

Cante comigo

Ouça. Ouse. Inspire. Sinta. Escute. Encoste. Veja. Toque. Expire.
Observe a noite, quão linda ela está, pode não haver estrelas, pode não apresentar a Lua, mas o brilho incontido dos astros e de toda luz desta noite não está nos céus e sim dentro de teus olhos, que brilham de maneira incomum, neste silêncio propício ao aconchego.
Ouça esta música que se inicia, o som é forte, a poesia da letra se faz sentido, uma emoção explode deste som. Permita que eu toque delicadamente a música como se eu mesmo tivesse a escrito, e que nos toques em teu corpo você possa sentir a vibração de cada nota, a intensidade de cada toque, de cada sentido, como se eu fosse um pianista e deslizasse meus dedos firmemente em toda a extensão de tua alma.
Deixe que eu ouse em tocar notas quase nunca ouvidas, deixe-me inovar, seguindo o ritmo de uma nova música, música esta que passaremos a compor. Juntos.
Inspire fundo, encha teus pulmões de ar e deste perfume que toda a cena intimista permite desfrutar, inspire-se aos mais sublimes risos, gestos, toques e sentidos. Permita que eu assopre delicadamente neste mudo instrumento da alma, para que arrepios e desejos tomem seu volume e sejam perceptíveis. Sinta como se fosse meu sussurro da letra da música percorrendo pelo teu pescoço, pelo teu corpo.
Deseje sentir toda a música, como se fosse um sonho que se realize neste instante, peça pela sinestesia das emoções de estar em uma orquestra, ou um show particular, onde apenas você é a apresentação e, ao mesmo tempo, a expectadora. Sinta cada toque, cada nota, cada beijo, cada toque e cada “não toque”.
Enquanto a música é emitida, este “não toque”, intimamente perceptível, deve-se pelo “não encontro” dos lábios, que quase se tocam, entretanto uma leve distância entre eles aproximam e enlaçam os corações, permitem que os lábios se movimentem conforme a letra da musica, musica esta que você nunca ouviu, mas que peço que permita que eu lhe ensine a cantar, seguindo o movimento dos meus lábios que não irão lhe beijar, até então.
Os lábios se encostam sutilmente como pede a ocasião, mas o beijo não interrompe o progresso da música, que nossas mãos, pele, sentidos tocam, muito menos a musica que nossos olhos que se fecham por incontáveis instantes e repentinamente se abrem, revelando o mais profundo desejo de que toda a cena não acabe, mas que o beijo silencie o ambiente e deixe em fulgor todo nosso interior.
Deixe-me tocá-la, em tua face, em teus lábios, em tua nuca, em teu corpo, deixe com que meus dedos possam passar pelas linhas de teu corpo como se fosse um lápis ou uma caneta, onde o desenhista se enlaça pelas curvas que um dia sonhou em sentir. Que meu toque transcreva todo o sentimento que eu quero traspassar.
Permita que lhe toque até teu coração encher de emoção e sem espaço em teu peito, lhe faça expirar. Que expire todo sentimento incontido, com tua pele, teus olhos, tua boca, tua ofegante respiração, todo sentimento incontido naquele “não toque” mais intenso que uma música poderia lhe causar. Expire e me abrace. Beije-Me. Cante comigo.

domingo, 22 de agosto de 2010

Cata-vento

_ Qual a chance de voltar a encontrar-te por aqui, em uma próxima vez que eu vier lhe procurar? – perguntou um garoto àquela brisa que lhe tocava o rosto naquele entardecer, onde o céu se tornara alaranjado de gratidão pelo pequeno expectador que o contemplava com a sua maravilhosa companhia.
_ Praticamente todos os dias, meu bem! – respondeu a garota por quem o garoto as apaixonara sem tocar – Eu estarei contigo sempre, em todos os lugares, em todos os instantes.
O garoto feliz por tudo o que vivera aquele instante acreditou que aquela brisa fosse um anjo, e como diz Clarice Lispector “Ela acreditava em anjos, e por que acreditava, eles existiam”, assim ele imaginava o anjo que passara aquela tarde acolhendo-o em corpo e alma, pensava que às vezes os anjos podiam não ter asas como diziam os contos, como mostravam os filmes, mas que os anjos não são simplesmente como enxergamos as pessoas, mas sim como as imaginamos. Mas este raio e brisa em um só ser, era, em uma só pessoa, todos os anjos contidos em uma só imagem, que ao fechar os olhos e sentir-se abraçado, e algumas vezes até beijado, ele via, desfrutava e assim sonhava diversas vezes acordado.
No caminho de volta para casa, após se despedir de toda a cena que ele ousara em criar e descobrir, mas que se contasse ou que se mostrasse para alguma pessoa, ninguém acreditaria nele, passaria como um louco que sempre quisera um amor e encontrara um, perfeito, mas que está mais ao longe do que o horizonte pudesse lhe mostrar.
Seguindo por aquele quarteirão, sentia a brisa lhe acompanhar e via as flores na calçada se movendo ao toque suave deste teu sonho, via as folhas de árvores que se deixavam acolher sem medo de uma possível queda livre das mais altas, simplesmente para sentir uma única vez o toque supremo daquela que conseguira fazer com que a folha se apaixonasse e se desatasse de seu galho, para viver este amor.
Praticamente todos os dias ele viveria este amor e assim ele ficou acordado por muitas horas em teus pensamentos e em tudo o que via. Abriu a janela para ouvir um “Boa Noite, Durma bem meu amor”. Dormiu.
Aquela brisa entrara em teu quarto, como se em um desejo pretendido daquela que se fez anjo para este garoto, e ficou ali, acordada simplesmente para ouvi-lo respirando enquanto dormia e de uma forma inexplicável chegou tão perto do garoto que este inspirou esta brisa de amor, que tomou conta de teu peito e o fez sonhar com ela – a partir de agora o teu Anjo, a tua amada.
Naquele sonho, a brisa saiu dos pulmões do garoto pelo suspiro apaixonado que este, inconscientemente, soltou e antes de ficar triste por ter saído do peito dele, viu-o sorrindo e com alegria também, se aconchegou ali.
O garoto acordou sentindo o perfume Secreto de uma Vitória do teu amor e foi este odor maravilhoso que lhe fez acordar com algo inexplicável por esta garota, o coração dele acelerou por exaltação e esta garota que se tornou o anjo que se comunica em brisa e vento provenientes de terras muito distantes, onde Barreira nenhuma poderá impedir o sentimento.
Ele levantou de sua cama, e foi até o local onde eles se encontraram na primeira vez, pode senti-la como se estivesse ali, mas não conseguia vê-la. O anjo desesperado se esgotava em forças para fazer ventos mais fortes, com sopros, suspiros ou mesmo – se possível – com o bater de suas asas, entretanto o garoto não a via, mas podia sentir, sabia que ela se esforçava.
Pediu uns instantes a ela, para que ela o esperasse naquele mesmo lugar, que ele voltaria com uma surpresa. Ele voltou com umas folhas, cola, tesoura, palitos e um alfinete. Ela pensara que a surpresa seria um presente, imaginou que fosse qualquer coisa, mas ele sentou ali, chamou-a e disse para ela apenas olhar.
O vento cessou atento apenas ao garoto, os barcos à vela pararam de navegar, as folhas não mais caíram, os moinhos se tornaram estáticos, não havia vento para ninguém. A atenção era apenas naquele garoto.
Ele dobrou a folha em algumas partes como se abraçasse definitivamente e marcasse na memória daquele papel que este foi eternamente abraçado pelo garoto, cortou a folha como quem fizesse uma cirurgia em seu próprio corpo, com todo cuidado, zelo como se estivesse gravando na casca de uma árvore os nomes de seu anjo e o seu próprio nome, era o sinônimo do amor.
O papel colorido foi novamente dobrado, mas agora com delicadeza e sem marcas, voltando todas as pontas para o centro do papel, como se mostrasse que o centro das atenções seria as uniões dos quatro pontos: amor, respeito, carinho e ao ultimo ponto colocaria o Anjo, que se ligariam ao centro – ele – para sempre. O alfinete que perfurara estes pontos, fixando-os, simbolizava aquela imortal flecha que corta os corações dos apaixonados.
Sem entender o sorriso do garoto com aquele fascinante objeto em suas mãos e o sorriso exposto na face dele, o anjo pediu uma explicação.
Ele, ainda sentado no banco daquele lugar, levantou o objeto – um cata-vento – e disse:
_ Simples, este cata-vento é o meu coração...
O Anjo ainda questionara, sem entender, por que ela tinha entrado em teu peito na noite anterior e visto o coração dele como nenhuma outra pessoa iria ver. Ele sorriu e continuou:
_ Eu sei que você já viu meu coração, mas sei também que não será sempre que eu poderei ter a gratificante sensação de sentir-te assim comigo. E mais, você, nem sempre poderá ver o quão feliz eu estou ao te sentir tão pertinho de mim. Eu fiz este cata-vento para que seja possível eu lhe ver, e você ver a minha reação quando isto acontecer.
Era tão lindo o que o garoto dizia que o Anjo, suspirou.
Este suspiro fez o cata-vento virar, linda e indescritivelmente, os olhos do Anjo se encheram de lágrimas de felicidade e o garoto continuou:
_ O cata-vento, meu anjo, é o meu coração, e qualquer brisa que haver perto de mim é você, meu amor, como este teu suspiro que acabara de soltar. Agora posso te mostrar o quanto o meu coração se agita ao te ver e mesmo eu estando paralisado pela tua beleza, pelo teu sorriso, neutralizado pelo teu olhar.
Você é a ventania que em sentimentos faz a minha fragata chegar a destinos que eu nunca pensei em ir, você é o vento repentino que espanta as nuvens negras que querem desaguar lágrimas em meus olhos, e agora eu te mostro que você é a brisa que faz girar o cata-vento de minha alegria.
Após ouvir isto, os veleiros voltaram a se mover, as folhas caírem em aconchego do vento e o garoto... O cata-vento eternamente ficou a girar.

domingo, 1 de agosto de 2010

Toda Impossibilidade de um amor.

Uma história comum que muitas pessoas contam e que alguns sábios sempre tomaram como uma lição de vida, onde de forma simples, com cenários reais e expressão de animais (dos quais sempre são mencionados, à medida que se nota que o amor do ouvinte é realmente verdadeiro, onde nos colocamos na alma do personagem principal).
Era uma noite, fria e triste para um jovem rapaz, sentara em um banco no centro de uma praça, deserta, refletia sobre por que nunca conseguira conquistar o teu amor e estava a aceitar a sugestão do mundo. Esquecê-la e partir para o tradicional – deixar o coração fechado para relacionamentos e desfrutar de pessoas.
A lua estava forte, mas este nem a notava exceto para questionar o porquê de tudo isto acontecer com ele e buscar na face da lua a resposta e possivelmente um amparo, o banco onde este sentara era muito bem iluminado por um poste que o deixava em evidência perante aquela praça, notavelmente qualquer um poderia ver que o rapaz sentia-se muito incomodado com o teu coração escalpelado, pois estava demasiadamente entristecido. Mas agora algo a mais o incomodara: as pequenas mariposas que ficavam voando no lustre e que algumas vezes trombavam com os seus sentimentos. Revoltado ele ameaçava movimentos bruscos e alguns palavrões para que as pequenas voadoras incessantes saíssem de perto dele.
Aparentemente as mariposas estavam felizes, e isto irritava mais ainda o rapaz, ao ponto de derrubar várias mariposas e em alguns casos até pisar em cima de outras. Um velho senhor se aproximou dele sem que ele percebe-se, o rapaz estava cego pela ira que este descontara nas pobres mariposas que estavam derrubadas ao chão. O senhor engoliu o sorriso de felicidade que o rapaz trazia pela vingança injusta que aprontara para as mariposas, engoliu e fez-se predominante com o próprio sorriso cansado por causa da idade, mas sincero de tanta sabedoria:
_ Olá, meu jovem! Notavelmente você não está simplesmente matando estas mariposas apenas por matar – e como se vendesse sonhos prosseguiu – você passa por dores e quer que algo ou alguém saiba disso, pois bem, eu sei... – uma pausa longa para que os olhares se encontrassem -... Agora, detenha o meu vôo também, meu jovem.
O rapaz ficou mais furioso com o enfrentamento do velho, respirou fundo e bufou como se resmungasse palavrões para aquele velho desconhecido que o importunara naquela hora tão inconveniente.
O velho continuou:
_ Meu caro, você é bem mais alto, mais forte e astuto que estas mariposas, e assim aniquila com as possibilidades de vôo delas, mas e a mim, por que não ages? – quando o rapaz virou-se para o velho como se fosse realmente partir para discussão e talvez mais do que isto, o velho continuou – mas enquanto a você, por que não voas mais alto? Por que não te largas a própria armadura e voa?
Como o velho disse, o rapaz esmoreceu, sentou-se no banco e reclinou a cabeça, como se realmente lamentasse, os olhos que buscavam algo além dos próprios sapatos se fecharam. Uma única gota de lágrima ameaçou a escorrer quando o rapaz foi interrompido com a mão trêmula do velho em seu ombro, os sons característicos provenientes de gemidos de dor de uma pessoa de idade avançada sentando ao seu lado e com a seguinte frase:
_ Meu filho, chorando você vai criar um mar, eu lhe disse para você voar, e não navegar.
O velho inconveniente conseguiu um sorriso do rapaz, um sorriso sincero emocionado. E emocionado o rapaz quis perguntar algo para o velho, como saber quem ele era, o que fazia acordado aquela noite, ou algo assim, mas uma angústia embolava-o na garganta, aparentemente seria aquele choro que foi contigo com o sorriso. Nenhuma palavra saiu, apenas observou.
O velho era bem trajado, uma camisa azul marinho, com umas listras brancas bem finas na vertical, uma calça clara, com cor parecida com creme, sapatos marrons com o bico do sapato pretos, o velho senhor estava com uma bengala bonita, escura bem cuidada, aparentemente envernizada recentemente. Tinha olhos negros que necessitavam de grandes lentes daqueles óculos que aparentemente era essencial para que este pudesse ver o mundo, sobrancelhas largas com alguns fios brancos, assim como o cabelo, que apresentava pouquíssimos fios enegrecidos.
_ Está vendo estas mariposas? Percebeste que elas são frágeis, sensíveis e voam ao redor deste poste de luz? Certamente você notou que algumas caem sobre você, mas o mais certo ainda é que você não percebeu que estas que caem perto de ti estão levemente queimadas pela luz do poste...
O rapaz abriu bem os olhos como se estivesse espantado com o velho, dizendo tantas palavras sobre estes pequenos seres voadores, pensou que o velho inteligente deveria ser um ambientalista ou algum defensor de uma causa destas, mas não interrompeu o velho, que em um astuto movimento pegou uma mariposa que caíra em seu colo e mostrou-lhe as queimaduras em suas asas, segurou-a com as asas fechadas levemente colocou-a no dorso de sua mão e deixou que esta voasse novamente.
_ Eu morava em um lugar lindo, com a sua idade, meu jovem, um campo grande em um vale que em dias de Primavera se parecia com um tapete de flores, eu adorava correr por aquelas campinas e foi lá que eu conheci a mais linda garota que eu havia e que pude ver na minha vida.
Ela era doce, meiga, ela tinha cabelos negros lisos e esvoaçantes, ela aparentava olhos tão lindos e sorridentes que você poderia se perder neles, o sorriso dela te desconsertava, você, meu jovem, poderia se apaixonar por ela simplesmente se ela olhasse para você... – os olhos do bom senhor encheram de lagrimas de saudade.
Era nesta campina que nos encontrávamos, e lá passamos a conjugar todos os verbos de uma forma só, na primeira pessoa do plural. A cada dia eu lhe levava uma flor daquele lindo lugar, até que eu vi uma borboleta tão linda, leve, a borboleta tinha a beleza das flores e mais, tinha o movimento e toda a euforia de capturá-la, pois bem decidi presenteá-la, foram diversas manhãs acordando mais cedo e me preparando. Peguei um pote bem grande de vidro, e a cada borboleta diferente eu colocava neste pote em uma semana eu já tinha muitas borboletas, aquele pote era lindo. No final de semana eu a presentearia.
Chegou o dia, e a primeira coisa que ela fez foi me dar um abraço e chorar, perguntei o motivo e ela me explicou com as minhas próprias palavras, “sabe quando toda a vez que você se despede de mim, você volta para me dar mais um abraço? E me traz mais uma flor? E me diz que detesta despedidas e meus olhos se enchem de brilho e felicidade e lhe digo que não mereço isto? Então, meu amor, hoje começo com a despedida pois sei que vamos demorar.”
Ela iria se mudar, ficar longe, e talvez nunca mais nos veríamos, ela queria me poupar de qualquer tristeza e por isto não queria que eu mais a amasse, o que eu disse a ela que seria impossível, mas que como conversamos eu desejo a ela toda a felicidade do mundo e se os ventos levariam a mais bela flor que pude cultivar, a única coisa que eu poderia pedir é que um dia pudesse voltar a vê-la, senti-la e por que não novamente regá-la com todo o meu amor.
_ E as borboletas. Senhor? – indagou o rapaz se encaixando como o personagem principal da história.
_ As borboletas, eu abri o pote de vidro, na manhã seguinte, algumas saíram rapidamente, muito antes de as minhas lágrimas tocarem ao solo, mas outras ainda demoraram como se ficassem observando-me naquele lamento. Passei a ser taciturno e observar a noite, por que na noite as flores do vale não eram tão bonitas quanto às lembranças da garota. De noite eu via vagalumes e mariposas, comecei a observá-los, algumas vezes capturava-os e colocava no pote, mas sem intenção de soltá-los. Que estes padecessem no pote, como o meu sentimento dentro do meu coração.
Observando as inúmeras mariposas que eu tinha no pote, uma noite, peguei uma lamparina acesa e colocava-a perto do pote para que sua luz atraísse as mariposas para um único lado do vidro, a grande maioria ia, exceto uma. Só um bom tempo depois, mudando o frasco, a lamparina, percebi que esta mariposa ficava apenas na direção da janela aberta que deixava uma brisa fresca entrar em meu quarto, isto me intrigou profundamente.
No dia seguinte recebo uma carta, daquela garota, que estava distante, em uma cidade grande, a carta tinha perfume, tinha cor, carinho e amor...
O senhor suspirou fundo, levantou-se se apoiando no rapaz e pegou um lenço que estava em seu bolso de traz da calça, e também pegou a sua carteira, da qual tirara um papel todo amarelado, com as bordas rasgadas e quase esfarelando, era um papel velho, mas dobrado com carinho e com maior zelo ele abriu e começou a ler:
“Amor, aqui, longe de ti, pude perceber que você é a pessoa mais especial que pode passar em minha vida, eu estou bem, tenho um emprego bom aqui, minha família está mais unida, estamos todos bem, espero que esta carta chegue a você e não se perca como o teu lindo e fascinante pote de borboletas, o qual eu abriria contigo e me encantaria com todo o amor que tivesse dado a cada borboleta daquele vidro. Sim, eu sabia que ele existia. E sei que você libertou-as com o coração tão apertado quanto ao me dizer para seguir em frente e ser feliz, pois você não queria parar o meu vôo...”
O velho parou de ler, ficou olhando para o papel e depois de um bom tempo o dobrou com cuidado e novamente colocou-o em sua carteira, guardando-a, quando o rapaz o interrogou:
_ Prossiga senhor, e vocês? Ficaram juntos? Como foi? – apoiando a mão sobre a perna do senhor para que este pudesse senti-lo e ao mesmo tempo não levantasse para se despedir – me conte, me conte mais, pelo brilho triste de teus olhos vocês não ficaram juntos...
O velho olhou para o rapaz sorriu como se acabasse de chegar e disse de uma forma calma e clara:
_ Sabes por que aquela mariposa não seguia a luz da lamparina? Por que ela se apaixonou por uma estrela que sempre via da janela do meu quarto. Você mesmo pode questionar que mariposas não podem se apaixonar por estrelas, pois as estrelas não foram feitas para que mariposas possam voar em torno delas. Para as mariposas haveriam luminárias, postes, lamparinas.
Mesmo assim a mariposa poderia se sentir alegre ao sonhar, durante a noite a estrela continuava lá e a mariposa poderia subir até o céu e demonstrar todo o seu amor voando em torno daquela luz radiante, poderia. Seria muito difícil ir além da altura com que estava acostumada a voar. Mas isto não iria fazer com que a mariposa desistisse. Se a cada dia ela pudesse voar um pouco mais alto, com paciência ela poderia chegar ao seu amor.
Todas as outras mariposas já estavam queimadas pelas lâmpadas e chamas, onde poderia apenas o calor de lâmpadas e chamas aquecer o coração de uma mariposa e não uma estrela, distante. Mesmo esta mariposa tentando se apaixonar por abajures, luminárias ou velas, nada a fazia esquecer da estrela. Ela poderia sim, retomar a sua caminhada ao céu.
Ela poderia a cada noite voar mais alto e mesmo quando a manhã chegasse e o frio e tristeza a apertasse por não ter encontrado a estrela, com o tempo ela poderia perceber que lá do alto ela poderia ver as cidades cheias de luzes, onde talvez as outras mariposas já houvessem encontrado um amor, poderia ver montanhas geladas, oceanos, nuvens que mudavam de forma, seguir os ventos de montes, poderia ser levada pela brisa da noite, assim esta mariposa passou a amar cada vez mais a tua estrela, por que esta estrela levava a pequena mariposa para um passeio em um mundo tão rico e lindo.
Ela viveria muito mais do que as outras mariposas que se renderam a um amor fácil e que morreriam pelas queimaduras deste amor.
O velho se levantou e com um sorriso de despedida disse que estava atrasado e seguiu com os seus passos calmos e cansados acompanhado pelos olhos do rapaz que lhe perguntou:
_ Senhor, qual a moral da história? É muito bonita, intrigante, porém eu não entendi algumas coisas, como se você encontrou a garota com que vivera, por que toda vez você enfatizava o “poderia” ao falar da mariposa, e qual a moral da história?
_ Meu jovem – o senhor parou, se virou e continuou - a moral da história? Claro, quando você chega na estrela, ela não te queima e sim te cuida e sempre sentirá a tua falta na noite seguinte que você demorar para chegar em casa.
Sobre os “poderia” da história, é que a mariposa poderia fazer tudo aquilo novamente se uma brisa de uma noite não a levasse ser presa em um frasco de vidro e assim ela poderia viver e sentir na pele, compreendendo que, às vezes, os amores impossíveis trazem muito mais alegrias e benefícios que aqueles que estão ao alcance de nossas mãos. E a moral, a moral da história meu jovem, é que eu acabo de abrir o pote de vidro que o aprisionara. Uma boa noite...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Como é Gostar de ti?

Conta-se a história de um rapaz, que por mera curiosidade e pelo desejo de se prolongar uma conversa que se revelava cativante, emite singelas palavras em forma de uma pergunta, que encontra certa e específica garota da seguinte forma:

_ Como é gostar de ti?

Tais palavras ele não soube nem sabe ao certo mencionar como ela reagiu ao recebê-la, entretanto logo recebeu a resposta desta garota, que não prolongou a conversa, foi certeira ao dizer:

_ Não sei, não sei como é gostar de mim, acho que é normal!

Hoje, este rapaz sou eu e certamente há algo além, algo indecifrável, indescritível e fascinante.
Um sonho que me trouxe a dádiva da noite e o presente do dia, neste contraste fascinante de teus olhos enegrecidos com a claridade do sorriso e do brilho encantador dos teus olhos. Esta garota é tão doce, tão meiga. Quisera eu poder descrevê-la em palavras, mas que responsabilidade imensa colocaria as palavras para ostentar. As belas imagens em suas fotos fascinam e a integridade e singularidade de tuas palavras lhe aprisionam mais do que eu poderia conseguir com apenas aquela minha pergunta.
O formato do teu rosto, as linhas suaves que delicadamente delimitam teus lábios, a forma com que estes se apresentam doces e intensos e demais de harmoniosos quando vistos com a divina expressão de teus olhos, eles brilham, reluzem e refletem toda a alegria que há dentro e ao teu redor. Tua aura é boa, teu riso contagiante e teu coração apaixonante.
“Um suspiro interior toma conta do ambiente”, Já dizia o poeta, toma conta de mim toda vez que ouso em repetir os meus pensamentos naquela noite, naquele instante quando um sorriso e o sotaque que ela deixou escapar, e eu de certa forma fascinado e envolvido comentei de uma forma extrovertida.
Todo mundo sabe que quando se faz uma brincadeira, apenas o orador e somente ele sabe o encaixe perfeito para que a brincadeira seja intensa, pois bem, eu me surpreendi, havia outro encaixe e outra pessoa além de mim que conseguira completar a brincadeira. Surpreendi-me. Ela não poderia ser real.
Eu poderia ficar admirando a beleza dela todos os dias e nestes dias poderia falar e mostrar para ela o quão linda ela é, eu abraço-a todos os dias de uma forma incompreensível a muitas pessoas, aquela voz doce que sempre se apresenta para mim, do qual timbre, da tal forma, com tal carisma sonho em ouvir um “eu também!”, como já disse a ela diversas vezes. Aflora sempre em mim, todos os dias, o desejo de mais um dia, de mais uma palavra, de mais um sorriso.
O encantador é que sinto que sei quase tudo dela, porém ao mesmo tempo descubro que não sei nada, e me surpreendo, pois descubro que tudo aquilo que ontem eu sentia não é nem ao menos a metade do que sinto hoje por ela, do que sentirei amanhã. Eu gosto de todo o teu você.
É neste sentimento que aprendi realmente acreditar que todos os “blá blá blá” que escutava quando mais jovem, que descrevia amores, que descrevia príncipes e princesas, que descrevia contos, eram verdadeiros. Não apenas ladainhas para encantar crianças. Existe, é real e intenso e tão delicioso quanto desejo de brigadeiro, tão intenso quanto ser protagonista em “Romeu e Julieta”, tão terno quanto romantismo de “Brás Cubas”. O sentimento é Intermunicipal, vive intenso e sem fronteiras, eu pude viajar à Espanha conhecer a língua local, à Argentina e me derreter como uma pedra de gelo em meu Martine envolvente.
Pude descobrir que neste meu “cofrinho de sentimentos” pode haver mais belezas em um passo acompanhado do que em percorrer o mundo sozinho. E dedico à todo sentimento as eternas três formas de mostrar que tudo pode ser eterno e perfeito. Cada vez que meu coração bate mais intenso, sinto um toque de carinho de suas mãos, descobri que é impossível não lhe amar. E falando em amar-te:

“Eu adoraria começar meu dia em tua companhia,
Olhar para teus olhos com pura alegria, mas que bom seria...
Ao teu lado Beijo com Brigadeiro saborearia, todo sentimento em euforia,
Se pudesse hoje gritar, eu gritaria: EU TE AMO GURIA!”


Sabes como é gostar de ti? Hoje acordei pensando em você, já era de se esperar, pois ultimamente isto acontece todos os dias. A Saudade é uma palavra viva e presente em meu vocabulário. Se isto é normal, como me disse primeiramente, que se siga aquela famosa frase “todas as pessoas tem defeitos, até você se apaixonar por ela”, e eu apaixonado passo a amar esta normalidade.
Sabes como é gostar de ti? Acredito que nem eu, ao certo, sei. Mas acredito que todo o sentido da minha própria resposta para esta pergunta está em sempre descer toda a escadaria após uma despedida, sorrindo, pensando e refletindo.
E toda vez, quando chego lá em baixo, eu paro, inspiro profundamente e sento que posso novamente ficar sem fôlego, pego uma flor na recepção, no jardim ou qualquer lugar que seja, nem que tenha que acabar com as margaridas, com as rosas e as mais belas flores violetas que possa haver e sinto o perfume da flor e subo correndo de volta. Fico à tua frente novamente apenas para sentir minhas pernas bambearem, meu coração bater tão forte que quase sai pela boca e o desejo intenso e incontido de passá-lo para ti, em um Beijo.

sábado, 17 de julho de 2010

Devo ser eu o problema

(TRISTE POR ESTE TEXTO)
Certa tarde, eu estava voltando para casa, olhei para o céu e sutilmente a prateada Lua estava gigante, me olhando, sentei e comecei a pensar sobre uma mensagem que havia enviado, com todo o carinho, amor e saudade, podendo ser comparado como se escrevera em um pequeno papel e colocado com todo zelo comprimindo-o dentro de uma garrafa com todo o sentimento que queria demonstrar, esta garrafa poderia ser fechada com cortiça para que turbulência alguma afetasse o conteúdo da garrafa. Esta garrafa quisera eu colocar perante o mar com um pedido para que fosse entregue com todo amor que o próprio Mar testemunhara. Mas de alguma forma inesperada a garrafa se abriu.
O mar se encarregou de espalhar e acabar com qualquer sentimento e palavra que eu ousara em ofertar. O Silêncio e ausência se tornaram donos desta comparação.
Mas mesmo assim, “o Sol iluminava o tranqüilo lugar fazendo transcender a Lua... e eu com meus pés firmes neste horizonte, deixando-me levar entre os ventos e suspiros de saudade”, saudade esta que me fez novamente sonhar, e como diria uma eterna Luz “Sonhar, ah sonhar é bom!”, e com este sonho passei a desejar, “queria te tocar, queria viajar contigo, estar contigo como anjos vigiando-te e protegendo-te em possíveis lágrimas”.
Neste meu devaneio, voltei para casa e reli a última mensagem que esta garota me escrevera, e partindo de suas próprias palavras, e dos meus sentimentos verdadeiros, adaptei as sentenças, ousei em palavras e rascunhei em um papel. Um dos textos em forma de declaração mais intensos que eu pude escrever, eu sabia e sentia amor, carinho e saudade. Acho que se foi.
Este papel, voltei a pegar recentemente, entretanto com muita dor e tristeza. Acho que até com um pouco de raiva, mas sem saber os motivos. Em um ato de grande rebeldia, arrogância e agressividade eu amassei o papel e joguei no chão. Estava disposto a ajudá-la a me esquecer, assim como ela avisou que queria fazer.
Um sábio, ao passar um dia inteiro ao meu lado, me encontrou algumas semanas depois e me disse: “Caro jovem, eu me lembro de ti, observei-te demais naquela ocasião e pude perceber que você é um garoto com um coração bom, reservado, você se apaixona de verdade e ama em teu silêncio, mas o que mais me impressionou em ti foi a forma com que você está disposto a ajudar as pessoas que você ama, mesmo que estas nem saibam disto. Você as ajuda, em tudo e arrisco a afirmar que ajudaria até mesmo se esta pessoa lhe falasse que precisava lhe esquecer”. – O sábio não mais o vi, mas as palavras que me disse ficaram comigo e reavivaram naquele momento.
Lembro-me dormir e ao acordar as palavras: “Te esquecer seria impossível, pois alguns dias acordo e tenho a sensação de que o meu sonho foi contigo ou mesmo a vontade pertinente de voltar a dormir apenas para lhe encontrar”, tais palavras estavam latentes e vivas, como o sentimento por aquela garota.
Levantei-me assustado, voltei e peguei aquela folha toda amassada que eu desprezara antes de dormir e abrindo-a a palavra “palhacinho” me fez lacrimejar de saudade, dor da ausência. Vendo aquele papel todo amassado, e agora com uma gota de lágrima que fazia com que algumas letras ficassem borradas, mas ainda de fácil compreensão passei a perceber que o problema poderia ser eu. O problema para tanta dor, tanto a minha quanto a das pessoas que eu gosto que eu admiro e por que não para as pessoas que eu amo, simplesmente sou eu.
Abri aquela folha de papel, e tentei desesperadamente deixá-la novamente lisa, coloquei-a em meu peito e segurando-a com a mão esquerda passava de forma intensa a minha mão direita sobre a folha, suplicando com que ela pudesse voltar ao normal e por que não, nada daquilo pudesse ter ocorrido, entretanto era tudo em vão.
Procurei passá-la, prensá-la entre livros, porém nada adiantava. E creio que aprendi a preciosa lição: Eu poderia ter escrito o texto e guardá-lo, deixá-lo intacto, lindo e tão sublime quanto ao ter acabado de fazê-lo, eu poderia, ao receber a noticia que abalaria meus pensamentos, poderia dobrar a folha e deixar ainda guardado, para que as dobras nunca deixem se perder os sentimentos carreados pelas palavras que ali escrevi, poderia ter feito um coração, um pássaro ou mesmo um barquinho de papel e deixá-lo me levar, em verdade ou em sonhos, até a garota. Ou simplesmente, poderia, ter rasgado-o, queimado-o ou algo assim. A decisão era minha.
Com esta própria decisão, e agora ciente do ensinamento, me lembrei que escrevi aquele texto de saudade, com um carinho enorme e afeto indescritível e agora com algumas palavras ao final do texto, sendo as tais: “Hoje eu sei... para nunca mais”, conscientemente transformei o texto de uma declaração de amor para uma declamação de profunda decepção. E fui eu mesmo quem fiz esta escolha. Eu que acabei com o amor esperançoso de um texto, quem sabe o que eu poderia fazer com tudo a minha volta?
Este texto assim escrito seria perfeito para que um suicida nato cometesse o próprio ato, e deixasse tais palavras como jogadas em forma do que possa ter sentido e levado ao final possivelmente mais feliz, entretanto eu não faria como este possível desiludido, pois acredito que este final não seria mais feliz do que relembrar dela, dos momentos bons que eu tive com ela e das palavras que incentivam o meu coração bater: “Permanecerás viva em meu coração. Sempre e para sempre! Batendo forte a cada vez que eu me lembro de você.”
E ele não sorriu, olhou para o teu texto, releu a ultima sentença e novamente engoliu as próprias lágrimas.